terça-feira, 7 de junho de 2011

O mito de Anteu e a relação com a poesia de Cesário Verde

De acordo com a mitologia, Anteu, filho da Gea (Terra) e de Posídon, era um gigante muito possante, que vivia na região de Marrocos, e que era invencível enquanto estivesse em contacto com a mãe-terra. Desafiava todos os recém-chegados em luta até à morte. Vencidos e mortos, os seus cadáveres passavam a ornar o templo do deus do mar, Posídon. Hércules, de passagem pela Líbia, entrou em combate contra Anteu e, descobrindo o segredo da sua invencibilidade, conseguiu esmagá-lo, mantendo-o no ar.
Em Cesário Verde, o campo, ou melhor, a terra, apresenta-se salutar e fértil. Afastado da terra da sua infância, como recorda no poema Em Petiz, e enfraquecido pela cidade doente, o poeta reencontra a energia perdida quando volta para o campo. Por isso, também, como refere em Nós, desde as epidemias que grassaram em Lisboa, a sua família passou a encontrar no espaço rústico o retempero das suas forças "desde o calor de maio aos frios de novembro".
É dentro desta conceção de uma terra que revitaliza que podemos encontrar o mito de Anteu, a que se refere Andrée Crabbé Rocha, num ensaio publicado em 1986, sobre o mito na poesia de Cesário Verde.
O mito de Anteu permite caracterizar o novo vigor que se manifesta quando há um reencontro com a origem, com a mãe-terra. É assim que se pode falar deste mito em Cesário Verde na medida em que o contacto com o campo parece reanimá-lo, dando-lhe forças, energias, saúde. O mito de Anteu surge em Cesário para traduzir o esgotamento gerado pelo afastamento da terra, do espaço positivo do campo. Daí, o seu encantamento com o cabaz da pequena vendedeira que lhe traz o campo à cidade, na vitalidade e no colorido saudável dos produtos que lhe permitem recompor um corpo humano, ou seja, que possibilitam renovar as energias:

[...]
Subitamente - que visão de artista!
Se eu transformasse os simples vegetais,
À luz do sol, o intenso colorista,
Num ser humano que se mova e exista
Cheio de belas proporções carnais?!
[...]

«Muito obrigada! Deus lhe dê saúde!»
E recebi, naquela despedida,
As forças, a alegria, a plenitude,
Que brotam dum excesso de virtude
Ou duma digestão desconhecida.
[...]

Neste excerto, Cesário consegue concretizar, pela fantasia, um novo quadro, que sem colidir com a imagem da realidade de frutas e hortaliças, nos permite encontrar novos seres humanos, revigorados, como ele próprio se vai sentir quando a rapariga lhe agradecer ao despedir-se. As marcas do mito de Anteu podem-se descobrir ao receber "As forças, a alegria, a plenitude" não apenas na expressão de despedida, mas também nesta "digestão desconhecida" que o campo lhe trouxe.

Cesário Verde

José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa. Matriculou-se no curso de Letras da Universidade de Lisboa, mas desistiu, indo trabalhar para a loja de ferragens que seu pai tinha na Rua dos Bacalhoeiros. Começou a publicar poesias no Diário de Notícias, no Diário da Tarde, no Ocidente, entre outros. Adoecendo gravemente, fixa-se na quinta da família em Linda-a-Pastora. Morreu tuberculoso aos 31 anos. Foi graças aos esforços do seu amigo Silva Pinto que as suas poesias são postumamente publicadas em volume com o título O Livro de Cesário Verde (1887).

terça-feira, 31 de maio de 2011

Publicidade Comercial e Institucional

Por definição, a publicidade é o acto ou o efeito de dar a conhecer um produto ou um conjunto de produtos, incitando ao seu consumo. Pode ser entendida como a arte de convencer, persuadir e seduzir. É um processo comunicativo que difunde informação através de diferentes meios, tais como a televisão, a rádio, a internet, e a imprensa escrita (jornais e revistas).

Texto Publicitário:
- Imagem - vive-se no mundo da imagem.
- Produto - presente de uma forma discreta ou dominadora.
- Slogan - fundamental, jogando com o enorme poder persuasor da palavra. Frase curta, fácil de memorizar e capaz de provocar o desejo de adquirir o produto.
- Utiliza vários recursos (ex.: rimas, jogos de palavras, imperativo, interjeições, figuras de estilo).

Há dois tipos de publicidade:

·         Publicidade comercial – o seu objectivo é persuadir o destinatário a adquirir determinado produto.

·         Publicidade institucional ou humanitária – o seu objectivo é incitar as  pessoas a realizar acções que digam respeito ao bem estar da comunidade (campanha de prevenção acidentes, prevenção de doenças, acções de solidariedade).
 Publicidade comercial
Publicidade institucional

terça-feira, 5 de abril de 2011

CARTOONS

Um cartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda, de caráter extremamente crítico retratando de uma forma bastante sintetizada algo que envolve o dia-a-dia de uma sociedade.


CARICATURA

Caricatura é um desenho de uma personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada individuo. Historicamente a palavra caricatura vem do italiano caricare (carrega, no sentido de exagerar, aumentar algo em proporção). A caricatura é filha do expressionismo, onde o artista desvenda as impressões que a índole e a alma deixam na face da pessoa. A distorção e o uso de poucos traços são comuns na caricatura.
           


terça-feira, 29 de março de 2011

"Os Maias"

A obra -prima de Eça de Queirós, publicada em 1888, e uma das mais importantes de toda a literatura narrativa portuguesa. É um romance realista (e naturalista) onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprias do enredo passional.
A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda. Mas a história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país a nível político e cultural e á alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens.

domingo, 27 de março de 2011

Eça de Queiroz

 -1845: Em 25 de Novembro, nasce na Póvoa do Varzim José Maria Eça de Queirós.
 - 1855: Entra como aluno interno no Colégio da Lapa, no Porto.
 - 1861: Matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
 - 1864: Conhece Teófilo Braga.
- 1865: Representa no Teatro Académico e conhece Antero de Quental.
- 1866: Forma-se em Direito. Instala-se em Lisboa, em casa do pai. Parte para Évora, onde funda e dirige o jornal Distrito de Évora.
- 1867: Sai o primeiro número do jornal. Estreia-se no foro. Regressa a Lisboa.
 -1869: Assiste à inauguração do Canal de Suez.
 - 1870: É nomeado Administrador do Distrito de Leiria. Com Ramalho Ortigão, escreve O Mistério da Estrada de Sintra. Presta provas para cônsul de 1ª classe, ficando em primeiro lugar.
 - 1871: Conferências do Casino Lisbonense.
- 1872: Cônsul em Havana.
- 1873: Visita os Estados Unidos em missão do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
 - 1874: É transferido para Newcastle.
 - 1876: O Crime do Padre Amaro.
 - 1878: O Primo Basílio. Escreve A Capital.
 - 1878: Ocupa o consulado de Bristol.
 - 1879: Escreve, em França, O Conde de Abranhos.
 -1880: O Mandarim.
 - 1883: É eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências
 - 1885: Visita em Paris Émile Zola.
 - 1886: Casa com Emília de Castro Pamplona.
 - 1887: A Relíquia.
 - 1888: Cônsul em Paris. Os Maias.
- 1889: Assiste ao primeiro jantar dos "Vencidos da Vida".
 - 1900: A Correspondência de Fradique Mendes. A Ilustre Casa de Ramires.Em 16 de Agosto morre em Paris.

"Geração de 70" e a "Questão Coimbrã"

 A Geração de 70, ou Geração de Coimbra, foi um movimento académico de Coimbra do século XIX que revolucionou várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura onde a renovação se manifestou com a introdução do realismo.
 Este movimento foi constituído por Antero de Quental, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, entre outros jovens intelectuais, que trocavam ideias, livros e formas para renovar a vida política e cultural portuguesa que estava a viver uma grande revolução com os novos meios de transportes ferroviários, que traziam novidades do centro da Europa, influenciando esta geração para as novas ideologias. Este foi o inicio da Geração de 70.
 Em Coimbra, este Grupo gerou uma polémica em torno do confronto literário com os românticos do "Bom senso e do Bom gosto". Mais tarde, já em Lisboa, os agora licenciados reuniam-se no Casino Lisbonense, para discutir os temas de cada reunião, que acabara por ser proibida pelo governo.

terça-feira, 22 de março de 2011

REALISMO

O Realismo preocupa-se com a verdade dos factos, a realidade concreta, a explicação lógica dos comportamentos. Procura ver a realidade de forma objectiva e surge como reacção ao idealismo e ao subjectivismo emocional românticos. Como movimento da arte e da literatura, procura representar o mundo exterior de uma forma fidedigna, sem interferência de reflexões intelectuais nem preconceitos, e voltada para a análise das condições políticas, económicas e sociais.

ROMANTISMO

O Romantismo foi um movimento cultural que surgiu inicialmente na Grã-Bretanha e na Alemanha, como reacção ao culto da razão do Iluminismo, um pouco mais tarde em França, nos países do sul e na Escandinávia espalhando-se depois por toda a Europa e Estados Unidos da América. É um estado da sensibilidade europeia entre finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX. O seu nome deriva de "romance" (história de aventuras medievais), que tiveram uma grande divulgação no final de setecentos, respondendo ao crescente interesse pelo passado gótico e à nostalgia da Idade Média.

  • Arquitectura
  • Artes plásticas e decoração
  • Literatura
  • Música

Almeida Garrett

A cronologia da vida de Almeida Garrett :

   1799 - Almeida Garrett nasce no Porto
1809 – Parte para a ilha Terceira por causa das invasões francesas. Aí recebe de um tio, bispo de Angra do Heroísmo, uma educação religiosa e clássica.
1816 – Matricula-se no curso de Direito em Coimbra. Adere às ideias liberais e começa a escrever algumas peças de teatro.
1820 – Escreve a tragédia Catão, representada em Lisboa no ano seguinte.
1821 – Já formado, casa com Luísa Midosi e publica o Retrato de Vénus, que lhe valeu um processo judicial e um julgamento de que foi absolvido.
1823 – Com a Vila-Francada, exila-se em Inglaterra, onde contacta com a literatura romântica (Byron e Walter Scott).
1824 – Parte para o Havre, em França, como correspondente.
1825 – Publica em Paris Camões.
1826 – Publica ainda em Paris D. Branca.Regressa a Portugal após a outorga da Carta Constitucional, dedicando-se ao jornalismo político.
1828 – Exila-se de novo em Inglaterra devido à aclamação de D. Miguel.
1830 – Inicia a compilação do Romanceiro.
1832 – Integra-se no exército liberal de D. Pedro IV, desembarca no Mindelo e participa no cerco do Porto, escrevendo aí a primeira pare do Arco de Santana.
1834 – Após a guerra civil, Almeida Garrett é nomeado cônsul geral em Bruxelas. Estuda a língua e a literatura alemãs (Herder, Schiller e Goethe).
1836 – Regressa a Portugal e separa-se de Luísa Midosi, que em Bruxelas o teria traído. Passos Manuel encarrega-o de reorganizar o teatro nacional, nomeando-o inspector dos teatros.
1837 – Perde o cargo de inspector dos teatros por demissão de Passos Manuel. Apaixona-se por Adelaide Deville, que morrerá em 1841 e de quem terá uma filha, Maria Adelaide.
1838 – Publica Um Auto de Gil Vicente.
1841 – Publica O Alfageme de Santarém.
1842 – Costa Cabral instaura um governo de ditadura, contra o qual Garrett luta na oposição parlamentar.
1843 – Escreve o drama Frei Luís de Sousa que será publicado no ano seguinte. Começa também a escrever o romance Viagens na Minha Terra, que publica em folhetins na Revista Universal Lisbonense.
1845 – Publica o romance Arco de Santana e a colectânea de poemas Flores sem Fruto. Inicia-se a paixão por Rosa Montufar, a Viscondessa da Luz.
1846 – É publicado em dois volumes o romance Viagens na Minha Terra.
1850 – É representado no Teatro Nacional o drama Frei Luís de Sousa.
1851 – É nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros e recebe o título de Visconde e Par do reino. Conclui a compilação do Romanceiro.
1853 – Publica Folhas Caídas, colectânea poética que causou escândalo na época.
1854 – Almeida Garrett morre a 9 de Dezembro em Lisboa