
Os primeiros sermões já reflectem as preocupações sócio – políticas de Vieira enquanto a colónia da Baía lutava contra as invasões dos holandeses. Em 1641, restaurada a independência, volta a Portugal e cativa o favor de D. João IV. Por isso, inicia em 1646 missões diplomáticas na Europa. Regressa ao Brasil em 1653, para o estado do Maranhão, depois de se envolver em questões relacionadas com a Companhia de Deus. Aí toma um papel muito activo nos conflitos entre jesuítas e colonos, como defensor dos direitos humanos, a propósito da exploração dos indígenas. No ano seguinte prega o “Sermão de Santo António aos peixes”. É expulso do Maranhão pelos colonos, em 1661, e regressa a Lisboa. Em 1665 é preso em Coimbra pelo Tribunal do Santo Ofício sob a acusação de acreditar nas profecias do poeta Bandarra. Três anos depois é administrado e retoma as pregações em Lisboa. Em 1669 parte para Roma e obtém grande sucesso como pregador, combatendo o Tribunal do Santo Ofício. Regressa a Portugal em 1675 mas agora sem apoios políticos e desiludido pela perseguição aos cristãos – novos (que tanto defendera), retira-se de vez para a Baía em 1681 onde se entrega ao trabalho de compor e editar os seus Sermões.
A sua prosa é vista como um modelo de estilo vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero virtuosismo barroco. A sua riqueza e propriedade verbal, os paradoxos e os efeitos persuasivos que ainda hoje exercem influência no leitor, a sedução dos seus raciocínios, o tom por vezes combativo, e ainda certas subtilezas irónicas, tornaram a arte de Vieira admirável. As obras Sermões, Cartas e Histórias do Futuro ficam como testemunho dessa arte.
Algumas das suas obras: